Terça-feira, 31 de Agosto de 2010
Socialnomics é o grande fenómeno socioeconómico dos nossos dias. Não é novidade para alguns, nomeadamente para os mais jovens, mas é ainda um "bicho de sete cabeças" para algumas empresas mais tradicionais que sentem que as novas ferramentas de gestão e de marketing estão a surgir mas que não sabem "lá muito bem" como agir.
Por isso, o livro de Erik Qualman - Socialnomics - é de leitura recomendadíssima. Não só para empresários, gestores mas também para indivíduos que querem entender - também através de casos práticos - o que podem ganhar se aderirem às redes sociais. Afinal o "Tens Facebook?" está a substituir o "Dás-me o teu número de telefone?" a uma velocidade estonteante.
Segundo Erik Qualman, autor desta obra, o mundo já está mesmo a mudar - hoje - (não é coisa para o amanhã) e por isso a alteração é necessária o quanto antes. Para o autor, que reconhece grandes benefícios na utilização das redes sociais, o primeiro sinal deste somatório positivo é que com a adesão às redes sociais se ganha tempo. Numa sociedade comandada pelo 'slogan' "tempo é dinheiro" e em que a Internet, às vezes, confunde com tanto excesso de informação, as redes sociais funcionam como filtro de informação.
Para o autor, que é vice-presidente do departamento de Marketing In line da EF Education, o maior sistema de ensino privado do mundo, o sucesso e popularidade da ascensão dos media sociais deve-se em grande parte à sua capacidade de ajudar as pessoas a evitar uma indigestão de informação.
Com toda a certeza que já de deparou "perdido" nas teias da 'web' depois de uma, que considerava, simples pesquisa por um produto/serviço. Ora é exactamente aí que as redes sociais estão, cada vez mais, a ganhar terreno.
"Os novos reis são hoje as pessoas que recomendam produtos e serviços por via das ferramentas sociais."
Motores de busca perdem terreno para as redes sociais
Os grandes motores de busca, tais como o Google, já se aperceberam que estão a perder terreno para as redes sociais. Na verdade também estes apelidados de "facilitadores" já se aperceberam desta colossal viragem socioeconómica. "O Google e outros motores de busca têm tentado tornar as suas ofertas mais sociais. Google Search Wiki e Wave são apenas algumas ferramentas de comunicação "colaborativa" introduzida.
A grande implicação para o mundo empresarial é que "o poder da Socialnomics não é apenas visível online; também pode impulsionar actividade na direcção oposta, no mundo 'offline' (não conectado)". Porquê? Isto faz sentido, responde o autor, "porque as raízes dos media sociais e as redes sociais provêm de um mundo 'offline' ( clubes do livro, clubes masculinos, clubes de jardinagem, clubes desportivos)."
Assente na teoria dos micro nichos defendida por Chris Anderson em "A Cauda Longa", Erik Qualman, defende também que a Internet, num mercado livre, presta fácil e eficazes serviços a pequenos grupos de interesse. Para além disso, é possível facturar mais com a venda de produtos de vários nichos do que com os tradicionais campeões de vendas.
Outros grandes 'players' da informação, os jornais e as revistas, também têm que estar atentos a esta "cauda". Isto porque "precisam de reconhecer que agora são as pessoas que encaminham as notícias para os seus amigos a partir de subscrições automáticas gratuitas." Conclui ainda o autor, de certa modo de forma alarmista que, "os jornais precisam de mudar aquilo que os seus conteúdos oferecem, caso contrário o declínio prosseguirá. Os jornais não deveriam estar a relatar notícias, mas sim a comentar notícias e as suas implicações."
"De boca a boca" passou a ser "na boca do mundo inteiro"
As pequenas empresas podem ser criadas e entrar em funcionamento numa questão de poucas horas na vitrine dos media sociais". Este foi por exemplo o caso da Bacon Salt, um êxito que coloca sabor a bacon em tudo o que é prato! Escreve o autor que a génese deste êxito aconteceu quando um dos criadores criou um perfil no MySpace intitulado Bacon Salt. De repente tinha encontrado mais de 35 mil pessoas com "bacon" nos seus perfis. Daí ao negócio foi um pulo. Até porque começaram a receber encomendas sem ter ainda o produto. "Este produto e esta marca foram criados usando unicamente os canais dos media sociais", conclui o autor referindo ainda que "Tal como a companhia aérea norte-americana JetBlue, a empresa Zappos de venda de calçado on-line e o provedor Comcast de acesso à Internet fizeram antes deles, também os criadores do Bacon Salt começaram a acompanhar e a reagir àquilo que as pessoas diziam do seu produto." Uma autêntica revolução em que o poder do marketing "boca a boca" é substituído pelo poder de "na boca do mundo inteiro". Um poder que é colocado nas mãos de todos os consumidores, que os envolve e que permite uma selecção nunca antes vista. Por isso mesmo vale a pena colocar binóculos e voar sem resistências por este mundo comandado por milhões de intervenientes do sistema económico. Os agentes da Socialnomics estão ai. Na verdade somos, democraticamente falando, todos nós!