Raj Patel, autor de " O valor de nada", afirma que "a ciência está a tomar «pastilhas de felicidade»".
No mesmo registo acrescenta ainda: "O deslumbramento do mercado livre cegou-nos"
--
"O deslumbramento do mercado livre cegou-nos"
CONSIDERADO UM GRANDE PENSADOR DA ACTUALIDADE, RAJ PATEL DEFENDE QUE "JUNTOS" FAZEMOS A DIFERENÇA.
"Se a guerra foi a forma encontrada por Deus para ensinar geografia aos Americanos, a recessão é a Sua maneira de ensinar uns rudimentos de economia a toda a gente." Este é o arranque introdutório deste livro ( "O valor de Nada", Marcador), que é uma autêntica viagem (crítica) pelo últimos anos do apelidado "capitalismo selvagem", onde tudo parece ter estado "ao contrário".
Da autoria de Raj Patel, académico, jornalista, escritor e activista, esta obra é, claramente, um manifesto contra a "insanidade financeira" em que o mundo viveu nos últimos anos.
Segundo o autor, "o descalabro do sector financeiro mostrou que os mais brilhantes cérebros do planeta, apoiados em alguns dos bolsos mais fundos que existem, não conseguiram construir um mecanismo ágil de prosperidade permanente, pelo contrário, brindaram-nos com uma palhaçada de negociatas, de trocas e de resultados fictícios que, inevitavelmente, se desfez em pedaços."
Para este autor, que é considerado um dos maiores pensadores da actualidade, a recessão não foi provocada por um défice de conhecimento económico. A recessão "teve uma causa muito específica: o excesso do espírito do capitalismo".
Com dupla nacionalidade ( inglesa e americana) e tendo estudado em algumas das melhores universidades do mundo, Raj Patel prova neste livro porque é que os seus textos iluminam e dão alguma esperança aos mais descrentes. Patel aposta no poder do Homem. Do cidadão. Desprezando a forma como inflacionamos o valor das coisas que não são essenciais, Patel apela ao bom senso do ser humano, no sentido de dar valor ao que é realmente importante. Revisitando alguns economistas, entre os quais Keynes, Patel cita ainda gente do mundo, com visão". O deslumbramento do mercado livre cegou-nos para outras formas de ver o mundo", refere. "Hoje em dia, as pessoas sabem o preço de tudo e o valor de nada" é uma das frases de Oscar Wilde, que apesar de ter mais de um século, parece ter sido escrita ontem, dada a sua actualidade. No seguimento da frase de Wilde, escreve o autor que "os preços revelaram-se guias pouco fiáveis: o colapso financeiro de 2008 aconteceu no mesmo ano em que se registaram crises do preço do petróleo e de géneros alimentares e, no entanto, parecemos incapazes de avaliar o nosso mundo sem ser através do prisma defeituoso dos mercados".
Com uma linguagem simples este livro permite analisar a actual crise financeira - e sobretudo o futuro da economia - através de um mergulho profundo pela verdadeira essência das coisas.
Como descreve o autor no subcapitulo intitulado " Como fazer feliz o Homo economicus", "a ciência está a tomar "pastilhas de felicidade" e a descobrir a verdade contida num axioma quase universal: a busca da riqueza não traz felicidade. Embora o caminho que a sociedade de consumo abre para nos conduzir à felicidade propicie a propriedade individual de uma casa e de um carro novo, a investigação aponta com insistência crescente os danos psicológicos associados à cupidez."