Nova Geração Outlook
Elisiário Carvalho
O empreendedor "com onda" que factura com vento
Apanha ondas. É empreendedor e não pára. Elisiário Carvalho, 42 anos, tem uma escola de Windsurf, na praia de São João, na Costa da Caparica, e vive das aulas que tem e de algumas "viagens" que organiza para os apaixonados por esta modalidade, "que se pode praticar quase todo o ano em Portugal". A história deste velejador tem alma. O contacto com este desporto começou cedo. Apaixonou-se pela vela, ainda em miúdo, mas "a minha família não tinha posses e por isso não comprei logo o equipamento". "Comecei a velejar com 9 anos, na classe optimist", recorda este desportista. Não tinha dinheiro para o equipamento. Não investiu. Não praticou. Mas anos mais tarde reencontrou a sua paixão. "Fui trabalhar com 16 anos. Não tive bons resultados na escola. Aos 18 anos abandonei os estudos e fui trabalhar como servente (nas obras)."
Aos 20 foi para a tropa. Foi paraquedista. Na tropa entrou em ciências do desporto "com boas notas e na primeira opção". E no meio de tudo isto recorda que aos 14 anos "vi uma pessoa com prancha e vela (fiquei a saber mais tarde que era o velejador o João Rodrigues)" e nunca mais o esqueceu. Afinal, concluiu, havia esperança de vir a praticar "vela". Dito e feito. "O primeiro ordenado que tive foi para ir fazer windsurf. Mas não me puseram na água.", lamenta-se. Já na tropa, aos 20 anos comprou o primeiro equipamento, investiu e decidiu dedicar-se à modalidade. Passou por várias actividades ligadas ao mar. Foi, por exemplo, nadador salvador na praia do barril. Entre estudo e trabalho, formou-se em Ciências do Desporto na Faculdade de Motricidade Humana, lutou, e fez acontecer.
Hoje tem uma empresa e já ensinou mais de 7 mil pessoas a velejar. Um feito só possível quando se junta prazer e garra. Sempre praticante, este professor "que adora" o que faz, abriu a sua própria escola no dia do trabalhador: 1 de Maio de 2006. "Comecei aos bocadinhos a montar a escola. Nunca pedi nenhum empréstimo", afirma deixando escapar que a legislação não estava adaptada para estas empresas. "Hoje está melhor. Não tem nada haver." Porém a burocracia ainda existe. Este empreendedor do mar que "vive do vento e do mar a 100%", adora o que faz. E garante que são cada vez mais os estrangeiros, que começam a vir para Portugal só para "pegar ondas". Um nicho de mercado sazonal, mas bem aproveitado que no Verão tem a escola cheia; e no inverno "diminui" o risco organizando viagens para outras paragens onde é possível praticar windsurf.
Publicado no DE (27/09/2013)