Terça-feira, 12 de Julho de 2011

"O navio mais valioso que está no fundo do mar é português"

 

 

 

"O navio mais valioso que está no fundo do mar é português" 

 

Destacou-se em 2010 como  o "analista mais certeiro", pelo Económico. No mesmo ano, Pires Coelho destaca-se na escrita. Uma novela de vida que junta o stress dos mercados, a ficção, a realidade e sobretudo "o mundo" de quem escrever, sempre, em busca do tesouro.

 

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E se descobrissemos que afinal já não temos que pedir ajuda externa à Troika? Tudo isto porque encontrámos um tesouro deixado pelos nossos antepassados algures no outro lado do mundo. Isso sim seriam boas notícias. E não estaríamos a inventar. O tesouro, segundo Eduardo Pires Coelho, autor de " O segredo da Flor do Mar", existe, e a nau - que naufragou em águas internacionais pertencentes à Indonésia - é simplesmente "o navio mais valioso do mundo". Uma embarcação que "é uma incógnita sistemática" e que constitui um sonho para qualquer caçador de tesouros. Pires Coelho, ele próprio um homem de números, trabalha como analista de acções desde 1997, foi galardoado com inúmeros prémios internacionais, incluindo os do "Financial Times", Thompson Reuteurs, Euromoney e AQ. Por cá, com o mesmo mérito - mas com sabor mais nacional - foi considerado em 2008 o melhor analista de acções pela Deloitte. O ano passado recebeu a distinção de "o analista mais certeiro" pelo "Diário Económico". Hoje volta a surpreender e prova que a literatura não é só dos homens das letras. Também ocupa lugar nas mentes dos homens dos números.

 

Como é que consegue escrever em plena crise?

Escrever é um hobby para mim. Eu acabo por escrever nas minhas horas livres porque apesar do stress dos mercados tenho algumas horas livres. Além disso, viajo bastante em trabalho e acabo por ter muitos tempos mortos em aeroportos, aviões e hotéis. Foi assim que comecei a escrever e assim continuei. Tomei o gosto e continuo a escrever.

 

Também falou neste livre sobre a dinâmica do stress que vive...

Sim. Em parte sim. Eu quis diferenciar um pouco o que é mundo da história e o do mundo das finanças... O livro é sobre um navio - sobre a Flor do Mar - mas o início é sobre os mercado financeiros, sobre algumas operações, que retratam não tanto a minha experiências mas a experiência que vejo algumas pessoas terem, sobretudo os meus clientes.

 

Uma nau carregada de ouro que pode ir ao fundo. Alguma analogia?

Faço uma analogia porque nos mercados financeiros podemos ganhar ou perder muito dinheiro. No caso desta nau podiam ter ganho muito dinheiro mas acabaram por perder muito dinheiro. Esta nau transportava o saque de uma cidade muito rica, que era Malaca. E na altura quem a conquistou, D. Afonso de Albuquerque, ganhou muito dinheiro e queria transportar o dinheiro e toda a riqueza, primeiro para Goa e depois para Lisboa. Mas acabou por perder toda essa riqueza porque o navio naufragou. E os naufrágios existem nos navios e também no mercado financeiro.

 

Sugere no livro que a nau estava cheia demais...?

Em parte sim. Era constante as naus portugueses transportarem demasiada carga. O que aconteceu aqui foi que juntámos à carga demasiada uma tempestade…

 

A Flor do Mar transportava 90 mil milhões de dólares… Dava para pagar o empréstimo ao FMI?

A Flor do Mar existiu e é uma história real. Estes são possivelmente os despojos marítimos mais valiosos existentes no mundo. A maioria dos portugueses não sabe, mas o navio mais valioso que está no fundo do mar é português e está do outro lado do mundo. É difícil saber quanto é que realmente pode valer a carga. O navio naufragou há 500 anos, não se sabia bem qual a carga exacta que tinha, mas as estimativas apontam entre 10 a 90 mil milhões de dólares. É um intervalo muito grande, mas falamos de mais ou menos de 65 mil milhões de euros. Acreditando nesse valor e respondendo à sua questão, sim é verdade que dava para pagar o empréstimo (risos).

 

E se este tesouro fosse encontrado?

Não vou revelar o livro. Mas é uma questão muito interessante porque o navio é português, a carga é da Malásia e o navio está em águas territoriais da Indonésia. É um conflito potencial diplomático muito elevado. E já o foi. Há 20 anos, quando durante uma semana se julgou ter encontrado a Flor do Mar, existiu uma tensão entre a Indonésia, Malásia e Portugal. É difícil saber o que iria acontecer hoje, mas seria um problema diplomático grande porque o navio é muito valioso.

 

 
 

 

publicado por livrosemanias às 18:01
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