Hoje vou abrir uma excepção. Vou publicar neste blog um artigo de opinião, que hoje se pode ler no Correio da Manhã.
O autor é padre, amigo, cidadão e apaixonado por causas. Não só mais também por isso merece esta excepção devidamente identificada.
Sr. Padre Calado Rodrigues obrigada por ser uma das vozes que luta contra o "despovoamento" do interior de Portugal.
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Leia aqui o artigo publicado no jornal diário "Correio da Manhã"
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Opinião in CM. ( 21.08.2011)
O novo bispo da diocese de Bragança vai encontrar uma região envelhecida e em assustador despovoamento
Bragança prepara-se para acolher o seu novo bispo, que será também o mais novo de Portugal. O Papa Bento XVI nomeou bispo da diocese de Bragança-Miranda o Pe. José Cordeiro, com apenas 44 anos. Não é muito habitual, nos tempos que correm, a Santa Sé designar um bispo com esta idade.
O bispo mais jovem de Portugal vai assumir uma das dioceses com a população mais envelhecida e o clero mais idoso, situada no interior de um país que atravessa uma das maiores crises da sua história. Talvez por isso encare a sua missão com "temor e tremor".
Além de envelhecida, vai encontrar uma região em assustador despovoamento (só nos últimos 10 anos perdeu mais de 12 mil habitantes), resultado de décadas de abandono político e económico do interior com a consequente litoralização do país. O até agora bispo de Bragança-Miranda, D. António Montes, em declarações à Agência Ecclesia, classificou o futuro da região como "sombrio" devido a "um plano de desenvolvimento económico que se centrou excessivamente no litoral e abandonou o interior". D. António Montes, na hora da despedida, sublinha também a falta de sacerdotes, o que vai exigir do novo bispo uma boa gestão dos recursos humanos, com uma colocação criteriosa do clero. Um bom gestor revela-se quando os recursos escasseiam e não quando eles abundam. Curiosamente, D. José Cordeiro inicia a sua actividade episcopal com a mesma idade de um seu antecessor, de grata memória, D. Abílio Vaz das Neves, natural de Ifanes, Miranda do Douro, que foi missionário e bispo na Índia e regressou à sua diocese de origem em 1938, para ser seu bispo até 1965.
Oxalá que D. José Cordeiro tenha o mesmo sucesso de D. Abílio, um homem e um bispo que, colocando as pessoas certas nos sítios certos, soube reorganizar completamente a diocese, edificar um vasto património, mesmo em tempos de guerra, e fez de Bragança um caso exemplar, a nível nacional, em áreas como a catequese. É esta a esperança das gentes nordestinas em tempos de alegria com a nomeação de um novo bispo que vê na crise também "momentos de purificação, de confronto, de reencontro", e nas circunstâncias que vivemos pretende ser "um servidor da esperança e colaborador da alegria".